Desde
a antiguidade, o homem percebeu as muitas vantagens que havia ao aplicar um
determinado nome aos locais por onde circulava, sejam aqueles próximos de suas
moradas, sejam os mais longínquos. Agindo desta forma, as pessoas poderiam
obter referências seguras de sua própria localização ou orientação num
determinado território. Por conta disso a humanidade, aos poucos, acabou por
denominar as montanhas, os vales, rios, florestas e, quando a sociedade se
organizou em grupos, surgiram o nome de tribos, nações, reinos e países.
Seguindo esse mesmo processo, os aglomerados urbanos - as cidades - também receberam
nomes específicos e, no interior destas, os logradouros (ruas, praças, pontes,
travessas, etc.) também foram identificados com denominações próprias e
diferenciadas.
A
denominação de vias, praças, logradouros públicos, é uma prática comum e sabidamente
eficiente, na história da organização urbana da humanidade. Criada com um claro
e definido intuito de localização e de informação, a prática de atribuir nomes
aos locais de convívio comum é relatada em um sem número de documentos, desde a
mais remota antiguidade.
A
própria denominação de nossa cidade é um capitulo a parte nesta questão e,
devido à falta de documentos específicos, é necessário que nos baseemos em
histórias pesquisadas e corroboradas por estudiosos do tema e consolidadas pelo
tempo.
Encravada
em uma região concebida como fronteira, que chegou a ser questionada como o
limite entre a incipiente nação brasileira e a vizinha Argentina, Caçador teve
sua história permeada pelas questões de litígios, de questionamentos, de
conturbações e de desenvolvimento, apesar, e talvez em decorrência, destes
episódios. A questão dos limites com a Argentina foi resolvida em 1895, e,
associado a esta, ainda surgiu o conturbado cenário de contestação de limites
entre os estados de Santa Catarina e do Paraná, iniciado em 1891 e só resolvido
em 1916, tendo ainda como pano de fundo a Guerra do Contestado, que envolvia
ainda a questão dos pequenos proprietários de terras e os interesses de grandes
companhias na exploração da região.
Receptiva
e atrativa à posterior colonização e desenvolvimento, Caçador foi marcada por
histórias de pioneirismo, de empreendedorismo e de oportunidades. Cada história
aqui iniciada trouxe inúmeros desdobramentos, atraindo mais e mais pessoas, que
auxiliaram a construir a cidade que temos hoje.
Tais desdobramentos, como não podia deixar de ser, estão registrados em diversas das homenagens propostas para batizar as vias do então infante município. O objetivo deste trabalho que apresentamos é servir de fonte de consulta e informação acerca da toponímia (ramo da ciência linguística que estuda os nomes próprios de lugares) utilizada na cidade de Caçador. Esta ciência guarda intrínsecas relações com a história, com a sociologia, com a arqueologia e com a geografia.
Ao
fazê-lo, esperamos estar contribuindo com esta e com futuras gerações de
caçadorenses que desejam e merecem conhecer um pouco mais acerca de sua cidade
e de sua rua. Conhecer o passado ajuda-nos a compreender o presente e contribui
para o desenvolvimento do futuro.
Recuperar
a história de personalidades, nacionais, estaduais ou locais, ou então de
datas, eventos e localidades que foram motivo de homenagens por parte dos
administradores de Caçador é uma tarefa que visa organizar e catalogar parte do
imenso arquivo e registro histórico que encontra-se guardado em vários locais,
mas especialmente na Câmara Municipal de Caçador. A exemplo, e espelhado no
brilhante e irretocável trabalho desenvolvido com maestria pelo professor
Delmir José Valentini, em seu “História Política e Trajetória do Legislativo
Caçadorense” (1ª e 2ª edições), este trabalho tenta organizar, como se uma
enciclopédia ou dicionário fosse, aspectos que contextualizem as personalidades
que denominam nossos logradouros públicos.
Com
o advento da emancipação político administrativa de Caçador, ocorrido em 1934,
todos os atos municipais tiveram a necessidade de ser precedidos por lei que os
oficialize. Tal fato não é diferente na denominação dos logradouros que, por
certo já eram utilizados, porém sem os rigores da oficialização em leis
municipais.
Há
de ser levado em consideração o período do Estado Novo, iniciado em 1937 e que
perdurou até 1945, no qual a autonomia dos estados e municípios brasileiros
foram bastante prejudicados, especialmente com o fechamento dos poderes
legislativos em todos os níveis, federal, estadual e municipal.
Decretos e resoluções de origem no poder executivo faziam as vezes das leis e tal processo atingiu também a denominação das vias do município. A primeira resolução com esta finalidade é datada de 1939. Com isto, iniciam-se as publicações de normas legais que oficializam a necessidade ancestral de organização da aglomeração urbana e é este relato que passamos a descrever a partir daqui. Procuramos dar um enfoque tão detalhado quanto possível a todas as personalidades, locais, datas e eventos que contribuem para a identidade dos logradouros de nossa cidade. As informações aqui encontradas provêm de várias fontes, desde o contato pessoal com familiares, passando pelos arquivos e registros da Câmara de Vereadores, Arquivo Público Municipal, Prefeitura Municipal de Caçador, até encontrar a informação acessível através da internet. Após um breve relato contextualizando a história que dá origem ao nome do próprio município, passamos a relatar, em ordem alfabética, dados a respeito de todas as atuais 828 vias de nosso município. Procuramos oferecer uma documentação completa e confiável a respeito da história de cada uma das homenagens prestadas através das denominações.
Nosso
convite é para que a leitura e consulta seja agradável e informativa. Divertida
e educativa. Oportuna e enriquecedora. Boa leitura.